Em 2016 (à cerca de 7 anos) Portugal foi campeão da Europa.
Éder marcou o golo da vitória.
Em entrevista à televisão, Éder agradece à coach pessoal que trabalhava com ele.
O nome dela, foi conhecido por, Susana Torres.
A partir desse momento, os olhos da imprensa foram abertos para aquilo que seria a explosão do coaching. Essa coach foi lançada para a ribalta.
Várias pessoas foram iludidas pelo sucesso prometido.
Sabe-se que a coach Susana Torres, na altura chegou ao jogador Éder, por intermédio de uma familiar que era amiga dele. Não foi Éder que contratou a Susana.
Uma relação casual, que acabou por utilizar um golo de "sorte".
Sim, porque mesmo o golo de Éder, não foi um golo originado por talento, mas por um remate que não foi percepcionado pelo GR da França.
Um golo que foi defendido por 11 jogadores à frente da baliza e, o tornou importante na vitória de Portugal.
Se Portugal tivesse empatado, e fossem a penalties e, ganhassem na mesma, esse golo não teria grande importância.
Se Portugal tivesse marcado mais 2 em contra-ataque, também não teria importância.
Esse golo acabou por lançar Éder para os olhos do mundo e, arrastou a sua coach com ele, nas declarações que Éder teve na entrevista pós-jogo.
Já com os olhos colocados em Susana Torres, esta utilizou os meios mais adequados de marketing para se lançar.
Rapidamente escreveu um livro. Do livro lançou-se para os cursos e, durante os últimos 6 anos, tem aproveitado essa situação.
Como Coach que trabalha no Futebol, eu tenho a noção que o percurso feito por esta colega, não foi o mais adequado para quem se quer manter na carreira a longo prazo.
Uma carreira lançada no futebol, por um momento único, em que se combinou um golo de sorte, com a fome de ilusão das pessoas, num sucesso instantâneo, não será uma carreira que tenha sustentabilidade.
A nível pessoal, tenho pena.
Porque tal como existem médicos bons e médicos maus, também existem treinadores bons e treinadores maus e, existem coachs bons e coachs maus.
A ilusão da carreira de Susana Torres, enganou muitos profissionais que atuam no futebol na área da psicologia e do coaching.
Alguns sentiram-se invejosos pelo que ela tinha conseguido, sem mostrar verdadeira competência.
Sem passar pela dor diária e contínua, de ir para o clube, aturar contextos desadequados à competência, e ter de aturar aquilo, na esperança de chegar um dia a, um clube profissional.
Mas, se pararmos para pensar, alguns treinadores estão na mesma situação.
Quantos treinadores entram em equipas profissionais sem competência demonstrada, apenas por terem uma projeção da sua imagem?
Quantos já estiveram na 1ª Liga, em vários clubes e, não têm resultados, mantendo-se por lá vários anos?
Alguns até, usam o nome dos clubes da 1ª Liga, onde não tiveram resultado, para chegar a outros clubes pelo mundo. Usam o nome do clube por onde estiveram como MONTRA.
E os clubes, olham para o currículo baseado em nomes e símbolos e não, para os resultados obtidos.
Atenção que competência não quer dizer resultados.
Um treinador que não tenha resultados pode ser altamente competente.
....
E porquê?
Porque ele pode ser competente em um contexto específico e, não ser competente em outro contexto.
Temos o exemplo de Julian Nagelsmann.
Um treinador competente, que teve resultados em outros clubes, mas que no contexto do Bayer Munique, não teve a competência necessária para manter a equipa estável no Campeonato, e na Liga dos Campeões.
Quantas apostas eu perdi este ano com o Bayer no campeonato Alemão?
A mesma coisa deve ter acontecido com a Direção, que estava cansada de não ver a equipa com consistência.
No Bayer Munique, pouco importa se ganhas ou não a Liga dos Campeões. Importa sim, se a
equipa é Consistente em TODAS as provas.
(Isto claro, sem falarmos do que se passava entre a relação do treinador com os jogadores).
Mas, a conclusão final é que, existem treinadores com resultados em todos os clubes por onde passam e, treinadores que só funcionam em contextos específicos.
Um exemplo disso é o Treinador Jorge Jesus, que teve sucesso no Brasil e, insucesso no Benfica e no Fenerbahce.
Porquê que isto acontece?
Porque existem competências que são reveladas em determinados contextos.
Se mudas o contexto, os fatores críticos de sucesso também mudam.
Se não ajustas o teu sistema de trabalho, para atingir esses fatores críticos...
ou, se nem sabes identificar os fatores críticos do teu contexto, então terás tendência a falhar.
Voltando à história de Éder e a ex-coach Susana,
e como a podemos tornar uma bela aprendizagem para a nossa carreira de treinadores.
Várias pessoas que aspiram a chegar a profissionais e, ter projeção no mundo para fazerem o que gostam e ganhar milhões, são iludidas por carreiras fantasmas de outras pessoas.
Quantas vezes, outros profissionais de psicologia no futebol pensaram em desistir, porque olham para a carreira da colega Susana e, gostavam de atingir o sucesso dela?
Quantas vezes, os treinadores de futebol, pensam em desistir, porque olham para a carreira de vários treinadores que continuam na 1ª Liga ou na 2ª Liga, e sabem que eles não "merecem" lá estar, por falta de provas?
A Desistência tem tendência a ser provocada, pelo processo de comparação, entre o sucesso dos outros e, o insucesso sentido por nós.
Por isso, quem quer chegar a profissional, NÃO PODE E, NEM DEVE, olhar para a carreira como um processo de comparação, mas antes, como um processo de aprendizagem, nos aspetos que funcionaram na carreira de outros.
Deixa-me ser mais claro.
Um treinador que se mantém na 1ª Liga, vários anos, mesmo sem resultados, é porque faz alguma coisa que resulta, para ter uma carreira estável.
Apesar de faltarem resultados, se eles se conseguem manter é porque fazem alguma coisa que funciona.
A pergunta é, o que é que funciona?
O que ele faz, que eu posso aprender a fazer, para funcionar para mim também?
A mesma coisa, podemos aprender com a história de Éder e da ex-coach Susana.
O que fizeram que funcionou?
Neste caso, aproveitaram um momento exclusivo de sucesso, de projeção, para fazer um marketing rápido e, chegarem a propostas de trabalho.
A mesma coisa poderá ser recriada.
Uma vitória inesperada, que podemos usar para chamar a atenção dos clubes onde queremos chegar, para sermos vistos, de forma a estabelecermos contatos.
Mas atenção.
Existem treinadores que já fazem isto muito bem.
Só que esquecem-se, tal como se esqueceu a ex-coach do Éder, que para se manter numa carreira sustentável, precisava de ter competência e, de tornar essa competência flexivel ao contexto onde se encontra.
Porque o segredo, por detrás de uma carreira sustentável, em qualquer área, é a ligação entre SER CONHECIDO e TER COMPETÊNCIA PARA O CONTEXTO ONDE ESTAMOS e OBTER RESULTADOS!
Por isso, vou-te deixar aqui, a sugestão do que não funciona na carreira, e que provavelmente, te está a impedir de ser um treinador profissional, com um carreira sustentável.
Vou escrever aqui, alguns pontos em baixo: